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24 de junho de 2006

ATO E OCUPAÇÃO DA REITORIA


08 de junho de 2006:
Um dia barulhento!
Um dia de mobilização!
Um dia de protesto!
Um dia de ocupação!
Um dia histórico!

Sons azucrinantes romperam a rotina da Uespi naquele oito de junho. O silêncio era descaradamente “estuprado” por acadêmic@s que mesclavam palavras de ordem - “Reconhecimento de verdade, eu quero um curso de qualidade!” - com muito barulho, e desfilavam pelos corredores uespianos empunhando cartazes de protesto - “5 anos! Comemorar o quê?”.

Os sons produzidos enchiam o saco, é verdade, mas nasceram por conta de inúmeros incômodos acumulados: incômodo por não termos uma estrutura adequada para o devido funcionamento do curso; incômodo por não querermos mais treinar fotografia através de projeções na parede; incômodo por termos que desviar réstias de sol (no verão) e gotas de chuva (no inverno), para conseguirmos assistir aula; incômodo por termos passado cinco anos sem um livro na biblioteca; incômodo por sermos pouco valorizad@s; incômodo por não sermos recebid@s em audiência; incômodo por termos ficado bastante tempo calad@s; incômodos; incômodos; incômodos...

E foi com esses e muitos outros incômodos “martelando” nas cabeças, e uma vontade de alterar essa realidade desfavorável, que nós, estudantes de Comunicação Social da Uespi, juntamente com a coordenação do curso, ocupamos a reitoria da Uespi. Ocupamos após um inusitado desfile pela universidade e pelo Palácio Pirajá.

A ocupação também foi divertida, apesar de séria: adentramos a sala; sentamos no chão e inviabilizamos, por algum tempo, qualquer tentativa de atividade profissional, até sermos recebid@s pela administração superior. Enquanto isso não acontecia, foram desenterradas inúmeras musiquinhas que marcaram as nossas infâncias (“Um estudante incomoda muita gente. Dois estudantes...”).

Ao solicitarmos uma audiência com a Magnífica (reitora), nos informaram que a professora Valéria Madeira estava viajando, e que o professor Carlos Alberto (vice-reitor) estava respondendo pela pasta. Contudo, alegando problemas de saúde e temendo alguma manifestação hostil, o vice-reitor receberia apenas dois membros do grupo. Condição que não aceitamos. Ou recebia o grupo ou ficaríamos ali o resto do dia, fazendo barulho.

Que outro jeito se não aceitar! Nenhum funcionário queria passar o resto do expediente com apitos ressoando nos ouvidos. E lá se foram 25 pessoas para dentro de uma sala de reuniões.

Iniciado o diálogo, pudemos constatar que o professor Carlos Alberto estava por fora dos diversos assuntos relacionados ao nosso curso. Alguns assessores tentaram ajudar, mas poucas informações foram acrescentadas ao que já sabíamos. A única coisa que pudemos constatar é que a burocracia é o maior empecilho das “engrenagens” uespianas.

Impusemos condições; expusemos desacordos (como os convênios com a fundação JET); evidenciamos necessidades urgentes e urgentíssimas; e deixamos bastante clara a nossa disposição de organizar uma greve geral do curso, caso as mudanças insistam em não acontecer antes do início do próximo período.

Presenças e faltas
O ato e a ocupação da reitoria foram os momentos mais significativos do movimento estudantil do nosso curso. Um momento de mobilização e ação. Como foi bonito ver uma parte do curso determinada em angariar mudanças, e emocionante ver as pessoas do segundo bloco, que entraram um dia desses, formando uma maioria.

A mobilização é a melhor saída para a resolução dos problemas. Ficar sentado em sala de aula reclamando, além de criar calo na bunda e gastar saliva, não gera melhorias coletivas.

Sentimos muita falta d@s companheir@s do 9º, 7º e 4º blocos. Onde está a preocupação com a nossa vida acadêmica? O senso coletivo? A vontade de evoluir o curso? Porque não priorizar, pelo menos uma vez, iniciativas como o ato? Nem só de trabalhos e boas notas vive o estudante universitário. Afinal, pai que é pai e mãe que é mãe, tem pelo menos uma boa história dos tempos de estudante para contar aos seus descendentes.

Frutos do ato: promessas pós-ocupação.
Informaram-nos que o convênio com uma produtora já está sendo analisado. Firmado esse acordo, a prática de telejornalismo para os alunos do 7º período será garantida. Informaram também que a reforma da sala onde será instalado o laboratório de multimídia já está em fase de licitação. Tudo indica que antes do início do próximo período contaremos com mais um laboratório exclusivo do curso.

A compreensão do espírito acadêmico e o sujeitinho.
No caminho até a reitoria fomos incentivad@s por atos de pessoas como o Prof.º Eduardo Vasconcelos (Prefeito Universitário), que abriu as portas do auditório central para que entrássemos e fizéssemos nosso protesto, e da prof.ª Norma Suely, que na porta da pró-reitoria que comanda (Prop), sorria e acenava para o “desfile”. Porém, como nem tudo “cheira a alfazema”, também fomos hostilizad@s por um sujeitinho, que nos chamou de vagabundos, palhaços, ameaçou chamar a polícia e perguntou se “não tínhamos nada o que fazer”. Será que ele tem problemas de visão ou percepção (ou as duas coisas), para não ter percebido que estávamos bastante ocupados, buscando mudanças para o nosso curso?
(Obs: aproveitamos o ensejo para recambiar os mesmo “elogios” à pessoa(?) que os proferiu.)

Dá pra entender?
Bulinando nos arquivos de notícias do sítio da Uespi, constatamos que o dia 08 de junho não foi muito produtivo (jornalisticamente falando) para os atualizadores da home page da entidade. Nenhuma notícia foi veiculada naquela data.

E olhem que tinha notícia acontecendo dentro da reitoria...


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